Ao
analisarmos os dados sobre analfabetismo no Brasil, consideramos que se trata
de um problema que possui longa história no país. Em 1886, enquanto o
porcentual da população escolarizada no Brasil era de apenas 1,8%, na Argentina
este índice era de 6%. A obra História da
Instrução Pública no Brasil (1500-1889), ajuda a entender o impacto acerca da educação
na época do Brasil Império.
Fatos como
esse ajudam talvez a entender por que, em 2018, enquanto a Argentina ocupava o 47º
lugar no ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o Brasil
ocupava a 79º posição, em situação bem inferior à de outros países da América
Latina.
Outro dado
alarmante é que 35% dos analfabetos brasileiros já frequentaram a escola. As
razões para o fracasso são várias:
· Escola de baixa qualidade (em especial nas
regiões mais pobres);
· Trabalho precoce;
· Baixa escolarização dos pais;
· Despreparo da rede de ensino.
O baixo
desempenho do ensino, caracterizado pelas baixas taxas de sucesso escolar,
sobretudo nos primeiros anos de escolaridade, e o que é pior, atingindo as
crianças mais jovens.
Em termos
relativos, as maiores taxas de analfabetismo estão em municípios localizados na
Regiões Norte e Nordeste. Condições socioeconômicas dessas localidades que
diante de suas características, promovem a manutenção dessa situação de
exclusão social. o Nordeste brasileiro tem a maior taxa de analfabetismo do
País, com um contingente de quase oito milhões de analfabetos, o que
corresponde a 50% do total do País.
Segundo os
dados oficiais do IPEA, o Nordeste lidera o ranking do analfabetismo no Brasil.
Estados como Piauí e Alagoas, estão no topo desse ranking.
Em um país
que representa uma das piores concentrações de renda do mundo, a distribuição
da educação e renda não poderia ser diferente. Enquanto nos domicílios cujo o
rendimento é superior a dez salários mínimos é de apenas 1,4%, naqueles cujo
rendimento é inferior a um salário mínimo é de quase 29%. No Nordeste, essa
situação é mais dramática; a taxa de analfabetismo das famílias mais pobres é
vinte vezes maior que aquele das famílias ricas.
Distribuição
de renda e de educação são duas ações que caminham juntas. Políticas
estruturais de distribuição de renda (como a reforma agrária) assim como as
emergenciais (como os programas de renda mínima) aumentam as chances de permanência
das crianças e jovens nas escolas.
Por sua vez,
crianças e jovens com maior escolaridade passam a ocupar empregos mais bem
remunerados. Os ganhos sociais advindos de ações dessa natureza, com certeza,
trarão impactos muito positivos na sociedade brasileira. O Brasil precisa e
pode construir uma escola com infraestrutura adequada, capacitar os docentes, pagar-lhes
salários justos. Não é possível conviver passivamente com a terrível
constatação de que 59% dos alunos de 4ª série do ensino fundamental não
apresentam habilidades de leitura compatíveis com o nível de letramento
apropriado para concluintes desta série. Pior, não apresentam habilidades de
leitura suficientes que os tornem aptos a continuarem seus estudos no segundo segmento
deste nível de ensino.
Lembramos que segundo o IBOPE, o conceito indicado em suas pesquisas para
considerar uma pessoa alfabetizada é ‘’a
pessoa capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simples no idioma que
conhece’’.
Segundo o Governo, O Plano Nacional de Educação, prevê erradicar o analfabetismo absoluto até 2024.
E seu candidato, tem algum plano para Educação?
mapa do analfabetismo do Brasil
http://portal.inep.gov.br/documents/186968/485745/Mapa+do+analfabetismo+no+Brasil/a53ac9ee-c0c0-4727-b216-035c65c45e1b?version=1.3
Dados oficiais do IPEA.